LIVROS: A EXPLOSÃO DO HIP-HOP

Uma coisa bacana no Brasil quando você completa 18 anos de idade é que o famoso “mé” está liberado. (Na América você precisa completar 21 para beber legalmente) Por outro lado, uma coisa chata é que você nem sempre consegue entrar nas baladas mais agitadas da cidade. A menos que conheça o segurança, molhe bem a mão de alguém, ou seja uma celebridade reconhecida. Aí fica a critério do clube seu reconhecimento como tal.

A reputação de um clube fica tanto a cargo daqueles que não conseguem entrar, como daqueles que conseguem e fazem a festa, saindo depois falando maravilhosamente sobre a danceteria.

No Sleep Flyers

Dois livros bacanas publicados no finalzinho de 2016 discutem os clubes e as baladas a noite em Nova York dos anos 1980 e 1990, mostrando diferentes visões. “No Sleep: NYC Nightlife Flyers 1988-1999″ (Editora Powerhouse) escrito por Adrian Bartos, um reconhecido DJ, e Evan Auerbach, um Hip-Hop arquivista, é uma coleção de cartazes de diferentes clubes em NY. Cobrindo diferentes danceterias incluindo Hip-Hop, House, e musica Latina, é um mosaico nostálgico de uma época considerada dourada por muita gente. (Apesar das letras misóginas, dos palavrões, e da violência que apareceram principalmente nos anos de 1990) Neste livro encontramos anúncios, códigos obscuros, e outros truques usados para serem reconhecidos somente por poucas pessoas.

“No Half Steppin’: An Oral and Pictorial History of New York City Club the Latin Quarter and the Birth of Hip-Hop’s Golden Era” (Editora Wax Poetics) escrito por Claude Gray e Giuseppe Pipitone dois aficionados do gênero musical mostra as histórias rolando de dentro das baladas e a germinação do movimento Hip-Hop.

Entre 1985 e 1988 a danceteria mais conhecida em Nova York era a Latin Quarter. O famoso local era ponto de encontro para todos aqueles que buscavam lançar suas carreiras artísticas no mundo musical. Para os futuros astros do Hip-Hop conquistar um espaço nesta casa e cair nas graças do DJ local era imprecindivél para suas aspirações musicais.

No Half Steppin'

“No Half Steppin'” conta as histórias por meio de entrevistas com os “deuses” (DJs) dos clubes, os rappers, os dançarinos(as), os executivos, e outras pessoas encarregadas de manterem os clubes em evidência e os frequentadores felizes.

Muitas das melhores histórias neste livro giram em torno dos enfrentamento(brigas e roubos em muitos casos) entre os próprios artistas para saber quem eram os melhores rappers. Uma história em particular no livro é sobre  uma disputa entre o ícone da época, Grandmaster Melle Mel e o jovem rapper aspirante do Bronx com grandes ambições musicais, KRS-One. Outra história interessante fala sobre algumas armas falsas  que o grupo Public Enemy queria usar para agitar ainda mais sua apresentação. O grupo acabou tendo uma desavença com os seguranças. O livro é rico nas histórias musicais, mas também nas famosas brigas entre diferentes rappers aspirando ao estrelato.

A música rap tem sua origem disputada por muita gente. Alguns dizem que ela chegou a cidade através dos jamaicanos. Outros que ela nasceu nas festas de ruas durante o verão no final dos anos 1970 no Bronx. Há quem diga que foi no bairro do Queens. Existe até mesmo versões para o nascimento no Brooklyn. A verdade e que no começo do século XX os grandes músicos negros da música Jazz já improvisavam algo parecido com o rap.

O Hip-Hop celebrou 40 anos em 2017. Estes dois importantes livros tentam mostrar como era a atmosfera musical nas baladas noturnas em NY durante duas importantes décadas relacionadas ao Hip-Hop. O gênero musical  transformado num grande  movimento socio-cultural que abraçou todo o planeta.