PROTESTOS NOS EUA

Manifestantes protestando contra o assassinato de George Floyd em Maio de 2020

Um anos depois dos protestos que galvanizaram os EUA após a violenta morte de George Floyd sob a custódia da polícia de Minneapolis, diferentes relatórios preparados por independentes entidades no país, entre elas – investigadores, ONG e consultores, analisando detalhadamente a resposta do Estado em enfrentar diferentes protestos nas diferentes cidades no país, deram um parecer não muito encorajador para o papel do Estado durante os protestos.

Quase que uniformemente os relatórios afirmaram que os departamentos de polícias especialmente os das grandes cidades analisadas precisam de um melhor treinamento em como controlar grandes protestos. Os analistas ofereceram várias recomendações e entre elas estão: os departamentos de polícia precisam trabalhar melhor com a várias organizações comunitárias nas comunidades onde atuam, inclusive recrutando organizadores e lideres locais para debates, ou consultando profissionais do direito em áreas como a dos direitos civis.

Lideres do Estado precisam desenvolver diretrizes mais restritas junto as corporações juntamente com um melhor controle de massas ao usarem o gás-pimenta. Policiais melhores treinados em controlar suas emoções e agressões como parte de uma estratégia para diminuir as tensões. Os primeiros dias de protesto logo após a morte de George Floyd em Minneapolis se mostraram bastante complexos para os departamentos de polícia país afora, disseram os especialistas, acrescentando que poucos policiais estavam realmente a altura deste enorme desafio. As manifestações tornaram-se colossais, constantes, e imprevisíveis, geralmente surgindo organicamente dentro das comunidades todas quase que ao mesmo tempo.

Embora a vasta maioria dos manifestantes fossem pacíficos em cidades como Nova York, Filadelfia, Minneapolis e Portland, edifícios acabaram sendo saqueados, fogos foram ateados em muitos negócios, e alguns dos manifestantes atiraram rojões e coquetéis molotov contra a polícia. Pelo menos 6 pessoas morreram, centenas ficaram feridas e milhares foram presas.

De todas as cidades analisadas a única que estava melhor preparada para conter os manifestantes foi Baltimore. O departamento de polícia da cidade enviou seu policiais sem aquelas parafernálias como se estivessem indo para uma guerra. O alto comando incentivou a todos os policiais que calmamente se engajassem pacificamente com os manifestantes, disse o relatório.

Críticos apontaram ainda que na maioria dos casos os policiais estavam usando roupas especiais contra os protestos usando gás-pimenta e atirando projéteis menos letais indiscriminadamente aparentemente tendo como alvo os manifestantes pacíficos, mostrarando pouco ou quase nenhum esforço em diminuir as tensões em locais como Indianápolis, e Filadélfia. Os criticos afirmaram que as ações policiais tornaram a situação pior.

“A polícia americana simplesmente não estava preparada para o desafio que eles enfrentaram, em termos de planejamento, logística, treinamento e supervisão do ‘Controle-Comando’ policial, ” disse Chuck Wexler, diretor executivo do Forum de Pesquisa, uma ONG que aconselha departamentos em gerência e táticas.

Logicamente vários departamentos policiais criticaram os diferentes relatórios. Eles argumentaram entre outras coisas que os policiais foram requisitados para enfrentarem uma massa de arruaceiros que atearam fogo, quebraram vidraças, e em vários momentos atacaram policiais, donos de negócios e representantes público. Eles demandam uma resposta mais enérgica contra os bardeneiros que na grande maioria dos casos ficaram impunes, disse a polícia.

Policiais montaram uma parede humama durante os protestos pela morte de George Floyd em Maio de 2020

“Empilhando a culpa nos departamentos de polícia e ao mesmo tempo ignorando os criminosos que usaram os protestos como um escudo para violência planejada e coordenada quase que garante uma repetição do caos que vimos no verao passado”, disse Patrick J. Lynch, o presidente da Associação Benevolente Policial de Nova York.

Os relatórios repetidamente culparam os departamentos de polícia pelo aumento da violência aos invés de acalmá-la. Por vezes parecia que a polícia estava a frente de uma guerra. Eles trataram todos os manifestantes iguais, ao invés de diferenciar entre os manifestantes pacíficos e os arruaceiros mais violentos. Em parte o relatório reconheceu que tudo isso foi devido ao caos. Mas foi também porque os protestos colocaram manifestantes contra os policiais que ficaram na defensiva em face do criticismo, alguns relatorios apontaram.

Por décadas especialistas em justiça criminal tem alertado que as táticas policais parecidas com uma guerra aumentam o conflito num protesto ao invés de esfriá-lo. Entre 1967 e 1976, três comissões federais que investigaram protestos e distúrbios concluiram que políciais usando o uniforme especial para combater os distúrbios ou deslocando armas parecidas com as usadas militarmente e o gás-pimenta gerou a mesma violência que a polícia estava suposta a prevenir.

Os relatórios não examinaram as reclamaçãoes dos manifestantes em relação ao preconceito racial no policiamento. Porém, manifestantes em Indianópolis disseram aos críticos que eles querem um reconhecimento pelo departamento que racismo sistêmico existe. O gabinete de polícia de Portland disse que estava planejando um treinamento antiracismo para todos os policiais.

Os relatórios certamente sugerem a probabilidade de problemas em casos de futuras manifestações. “O que temos feito deve ser reconhecido como um fracasso”, disse Norm Stamper, um ex chefe de polícial em Seattle, que disse ainda que ele cometeu os mesmos erros enquanto estava tentando conter os protestos durante a reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) na cidade em 1999, quando o gás-pimenta lançado por policiais incitou uma crescente reação negativa.

“Agora olhando em retrospecto naquele momento foi um dos grande arrependimentos que carreguei comigo durante décadas como um profissional na execução da lei. Continuamos fazendo isso mais e mais novamente em anos vindouros, a menos que estejamos prontos para uma dura avaliação”.