ESTANTE LITERÁRIA

The Motherlode: As mais de 100 mulheres que criaram o Hip-hop

Desde os tempos imemoriais, as mulheres tem tido um papel praticamente secundário na história da civilização. Exemplos é o que não faltam. Desde Eva passando por Dalila até chegarmos a Hillary Clinton rejeitada como futura presidente dos EUA porque para muitos homens (e algumas mulheres) ela estava indo com muita sede ao pote para ganhar disputa presidencial em 2016, e com isso tornar-se a primeira mulher presidente da maior potência do planeta. Donald Trump com todo seu machismo, xenofobia e racismo ganhou a eleição naquele ano.

Mulheres sempre tiveram que pedir o aval masculino seja qual for a área de atuação. Na música rap não poderia ser diferente. Apesar de fazerem parte de um movimento cultural que tem feito a cabeça de milhões de jovens ao redor do planeta há pelo menos 40 anos, inclusive criando em muitos deles sua própria identidade cultural, as rappers geralmente não alcançam o brilho e a independência econômica que na vasta maioria das vezes é garantida aos rappers masculinos.

No livro THE MOTHERLODE: 100 + WOMEN WHO MADE HIP HOP, a jornalista e crítica cultural, Clover Hope, ilustra mais de 100 mulheres que transformaram o poder, a amplitude e o alcance da música rap, incluindo pioneiras como Roxanne Shanté, as inovadoras Lauryn Hill e Missy Elliott, juntamente com as atuais rainhas como Nick Minaj, Cardi B e Lizzo – bem como todas que vieram antes, depois e no meio. Um nome que pouco ouvimos e que certamente merece um enorme crédito é a cantora MC Lyte. Sua versão rap da múscia Georgy Porgy é simplesmente fenomenal.

A autora Clover Hope

Algumas das rappers citadas no livro eram respeitadas, mas não popularmente celebridades. Algumas destas mulheres conquistaram seus próprios caminhos, outras simplesmente foram forçadas a se adaptarem a fórmula das gravadoras e praticamente foram obrigadas a ficarem quase desnudas ao lado dos rappers nas grandes produções musicais. Algumas delas ficaram encurraladas num estranho espaço crítico entre ser uma MC (apresentadora) respeitada ou um simples objeto de desejo. A autora descreve muito bem como estas mulheres são personagens, caricaturas, letristas e em muitos casos feministas explícitas.

Motherlode descreve meticulosamente cada uma destas mulheres, suas carreiras na indústria musical, seus avanços numa área extremamente competitiva e ao mesmo tempo altamente machista e a maneira na qual cada uma delas ajudou a mudar a cultura do rap deixando suas próprias marcas.

MOTHERLODE: 100 + WOMEN WHO MADE HIP-HOP

Editora – Abrams Image

Páginas – 240, preço – 21.38