6/1/2021 – UM DIA HISTÓRICO E UM DIA TRISTE NA AMÉRICA DO NORTE.

Bandeira dos Estados Unidos da América

O que certamente era para ser uma simples formalidade com a confirmação da eleição de Joe Biden para presidente dos Estados Unidos da América, tornou-se um triste espetáculo com centenas de arruaceiros e baderneiros invadindo o capitólio da maior república democrática do planeta. O deplorável episódio desta Quarta feira dia 6 de Janeiro onde a Camara dos represententes e o Senado foram invadidos, tem todas as impressões digitais do presidente Donald Trump. Desde o início da campanha eleitoral do ano passado, todas as vezes quando era perguntado se aceitaria sua derrota na urnas, o presidente enfaticamente dizia sem cerimonia que jamais aceitaria sua derrota. Além do mais, ele conclamava seus seguidores(devotos) para fazerem o mesmo.

Com suas declarações infundadas sobre uma enorme fraude envolvendo a eleição para presidente, Donald Trump foi montando o palco para o caos que sobrecaiu em Washington. Por causa das leis eleitorais norte americana, quando uma disputa eleitoral é vencida com uma margem minúscula, o candidato perdedor pode entrar com um pedido de recontagem de votos. Foi exatamente isso que o presidente Donald Trump fez nos estados do Arizona, Georgia, Michigan e Pennsylvania. Mesmo sabendo que suas chances de reverter qualquer resultado final eram bastante reduzidas, o presidente conclamou um grupo de advogados liderados pelo seu advogado pessoal, o ex prefeito de Nova York, Rudolph Giluiani, para liderar seu litígio político.

Congresso dos Estados Unidos da América dia 6 de Janeiro de 2021

Na América cada estado é responsável por organizar suas próprias leis eleitorias desde que estas não infrinjam os direitos civis de cada cidadão. O voto não é obrigatório e não há um título de eleitor nacional e as identificações para votar variam de estado para estado. O dia da eleição não é feriado nacional. Nenhum estado pode interferir na maneira como um outro conduz suas eleições e suas regras. Os estados na América são independentes desde que não firam a Constituição. Quando o Texas tentou processar a Georgia por aparente irregularidades como o estado conduziu sua eleição, Texas estava violando a Constituição.

Foi usando exatamente esta independência que vários estados resolveram modificar legalmente suas maneiras de conduzir a eleição para presidente o ano passado, por causa da pandemia que assolava o país. Em alguns estados era permitido votar antecipadamente, mas a contagem destes votos só poderia acontecer após o dia da eleição. Em outros, era possível votar pelo correio no dia da eleição. Alguns permitem até mesmo votação por procuração. Tudo isto foi feito legalmente e com a aprovação de cada legislatura estadual.

Em nenhum momento a campanha de Donald Trump contestou como cada estado cuidava de sua própria eleição. Quando as apurações em certos estado começaram a favorecer Joe Biden, Donald Trump então passou a twitar e a falar em entrevistas que uma fraude de enorme proporções estava acontecendo e que ele estava perdendo a contagem no Colégio Eleitoral por causa disso. Sem apresentar qualquer prova, o presidente começou a espalhar rumores sobre uma eleição fraudulenta onde o dedo de atores como a Venezuela, Cuba e de máquinas de votação “azeitadas” que mudavam os votos que deveriam ser computados para Donald Trump indo para Joe Biden.

Invasão do Capitólio em Washington na Quarta Feira dia 6 de Janeiro de 2021.

A teoria da conspiração virou uma enorme bola de neve onde até mesmo milhares de pessoas mortas acabaram votando ilegalmente e cédulas eleitorais com o nome de Joe Biden foram levadas ilegalmente de Nova York para Pennsylvania. Um vídeo surgiu onde mesários supostamente esconderam votos em malas embaixo da mesa e no meio da noite colocaram estes votos a favor de Joe Biden. Nada disso foi provado em corte. Mas para a campanha de Donald Trump e para seus seguidores isso não era importante. A conspiração não precisava ser provada. A palavra do presidente deveria ser aceita sem qualquer contestação.

Petições após de petições foram levadas as cortes estaduais afirmando fraude. Na verdade, mais de 50 delas foram rejeitadas pelas cortes estaduais. A Suprema Corte do país rejeitou categoricamente um pedido de Donald Trump para intervir na eleição. Nos estados onde os responsáveis pela eleição eram do partido republicano e Donald Trump tentou contestar os resultados, como no estado da Georgia, onde mais de 5 milhões de votos foram contados por computadores e depois recontados manualmente, sem alteração do resultado final, não foi o suficiente para aplacar a teoria conspiratória de fraude eleitoral propagada pelo presidente. Donald Trump passou então a atacar seu apoidares republicanos que rejeitavam suas teorias conspiratórias. Sua última tentativa deseperadora foi pressionar Brad Raffensperger, o secretário de estado republicano da Georgia, para “encontrar 11 mil votos” e dar a vitória a ele.

Com o caminho praticamente cerrado para reverter os números de votos do Colegio Eleitoral a seu favor, o presiente usou toda sua enorme influência dentro do partido para recrutar alguns senadores e representantes para recusarem a confirmação de Joe Biden que aconteceria no Congresso. Mike Pence, o vice presidente, com a responsabilidade de seguir a Constituição, deixou o presidente falando sózinho. Ele afirmou que tinha chegado o momento de aceitar a derrota. Quando o congresso estava a postos para ratificar Joe Biden como o novo presidente, a massa ignara invadiu o Capitólio com a benção de Donald Trump. O que se seguiu foi um enorme caos resultando uma mancha enorme no processo democrático da América. O mundo testemunhou o poder carismático e maligno de um presidente preocupado não com as instituiçoes democráticas do seu próprio país, mas somente com a sua sobrevivência política, não importanto que para atingir seus objetivo ele minta descaradamente quase descarrilhando a democracia dos EUA.