ESTANTE LITERÁRIA – A ECONOMISTA

“The Economist”, a publicação mais liberal do planeta se auto denomina um jornal e não uma revista. Altamente influente nestes mais de 150 anos de existência, ela é publicada deste o século XIX endeusando o sistema capitalista. A revista é considerada a bíblia do liberalismo econômico. Este semanário britânico em particular ganhou leitores de todos os tipos. Desde o filósofo alemão Karl Marx, passando pelo facista italiano Benito Mussolini, até o presidente norte-americano, Franklin Roosevelt. Atualmente tem em Angela Merkel, a chanceler alemã uma leitora assídua. Nesta turma podemos imaginar também a primeira ministra inglesa, Margareth Tacher, conhecida como dama de ferro, dentro da rua Downing folheando a revista enquanto falava com o presidente dos EUA, Ronald Reagan.

O livro “Liberalism At Large: The World According to the Economist” (Liberalismo Em Geral: O Mundo De Acordo com a Economista – trad. livre) escrito pelo professor de história e editor da revista “New Left Review”, Alexander Zevin, coloca sua enorme lupa intelectual na ideologia liberal onde a liberdade econômica, o direito individual, a propriedade privada e política, as regras da lei, igualdade civil, liberdade de expressão e de congregação servem de base de sustenção da ideologia no mundo ocidental. Diga-se de passagem que todas estas idéias nasceram na inglaterra e seguiram seu caminho para a América do Norte. Para explicar a história do liberalismo econômico de um lado e as ações do Estado para o bem estar social do outro, o jovem escritor tenta traçar esta história através de uma única publicação, a revista “The Economist”. Para o autor, além dos fatores já citados, o poder financeiro é um componente bastante importante apontado amplamente pela revista.

Baseada na cidade de Londres, o centro financeiro da Inglaterra, sua influência pode ser explicada pelos conselhos oferecidos ao mercado financeiro. A prova desta enorme influência e durabilidade é o seu número de assinantes. Hoje em dia gira em torno de 1 milhão ao redor do mundo. Segundo o autor, a revista oferece conselhos ao mercado financeiro que ele próprio ofereceria se pudesse falar é claro. “The Economist” foi criada por um jovem milionário inglês no berço da revolução industrial durante uma disputa laboral entre a classe dominante de um lado e a classe média manufatureira do outro.

Alexander Zevin – autor do livro Liberalism At Large: The World According to the Economist

A revista foi fundada em 1843 por James Wilson com a grana herdada de sua família abonada. Na verdade, no início, o título “The Economist” significava frugalidade e não o profissionalismo na área econômica de hoje em dia. Desde sua incepção ficou claro lendo o livro que a revista tinha como público alvo a elite econômica inglesa da época. De acordo com a visão do editor da revista “The Left Review”, na época não havia um papel positivo do estado para o conflito de classes, nem para a educação pública, as escolas beneficentes ou a limpeza sanitária das cidades.

“Se a busca do próprio auto interesse deixava todos livres, isto certamente não levava ao bem estar em geral”, a revista declarava. “Nenhum sistema de governo pode conseguir isto”. A revista apoiava incondicionalmente os avanços do império britânco ao redor do planeta, afirmando entre outras coisas que a Inglaterra nasceu para dominar o mundo. Alexander Zevin argumenta que a posição da revista a favor sempre do financeiro tornou-a uma torcedora do imperialismo, já que o império era o ordenamento dentro do qual a riqueza estava sendo criada.

Como livro, “Liberalismo at Large” pode ser lido como uma história do imperialismo britânico no final do século XIX, o avanço do imperialismo norte-americano durante o século XX e a diminuição do estado de bem estar social nestas duas grandes potênicas. O livro é também uma crônica aprimorada dos seus editores durante a longevidade da revista com suas reverências em graus diferentes a favor do capitalismo. O livro é também uma crônica das posições que a “Economist” teve dentro dos importantes assuntos do dia. Alexandre Zevin argumenta ainda que as conexões da revista com os poderosos no mundo capitalista a transformaram numa participante em construir um projeto liberal ao invés de somente uma cronista dos diferentes sistemas econômicos ao redor do planeta.

Liberalism at Large: The World According to the Economist

Autor – Alexander Zevin

Editora – Verso

Páginas, 544 – preço, US34.95