
Com a pandêmia do COVID-19 fechando as portas de milhares de pequenas e médias empresas e com isso pingando a entrada de suas receitas com suas vendas diretas ao consumidor, o governo federal foi obrigado a entrar no campo econômico privado para ajudar as empresas mais afetadas nesta areia movediça. Logicamente que esta intervenção federal vai contra a ideologia de Estado mínimo na cultura norte americana. É exatamente nesta hora onde observamos a importância do Estado na vida do cidadão. Estado mínimo é um bom tema para o bate papo filosófico no bar depois do expediente de trabalho.
Segundo reportagem do períodico financeiro The Wall Street Journal, o governo federal desembolsou a bagatela de US$521 bilhões( voce não leu errado) para estancar a hemorragia econômica afligindo o país como um todo. Entretanto, o que milhões de pessoas desconhecem nos EUA é que esta ajuda não ficou restrita somente a estas empresas.
As companhias bem sucedidas de advocacia, de gestão de fortunas e aqueles negócios conectados politicamente com o presidente Donald Trump receberam a fatia maior que visava ajudar ao pequeno e médio negócio a enfrentar o atual o tsunami econômico.
Segundo a reportagem, a casa Branca divulgou o nome das 600 mil empresas que tinham o direito de receber o auxílio conhecido como Programa de Proteção de Salário (Paycheck Protection Program em inglès).
Uma destas empresas favorecidas pertence a secretária de Educação Betsy Devos. Estas empresas receberam a maior porcentagem de empréstimos, ou seja, acima de US$150 mil. Detalhe importante: Este número representa somente 15% dos mais de 4 milhoes de empresas que participaram deste programa federal.

Todos os mutuários podem ter seus empréstimos perdoados contanto que gastem pelo menos 60% do dinheiro na folha de pagamento e cumpram outros requerimentos. Muitas destas companhias mais conhecidas com fundações sólidas financeiramente falando tomaram emprestado junto ao governo federal entre US$5 e US$10 milhões, o máximo permitido dentro das regras do programa.
É interessante mencionar ainda que várias empresas receberam vários empréstimos através de suas subdisiárias. Os requerimentos para as maiores empresas foram aprovados rapidamente, ou seja, 92% destes pedidos quando a quantidade requisitada era entre US$5 e US$10 milhões, se comparados com apenas 59% de aprovação rápida de todos os empréstimos feitos no geral.
Outro grupo influente beneficiado com este programa foi o dos políticos com conexão com o presidente. Foi o caso de Kevin Hern, representante republicano no Congresso pelo estado de Oklahoma e dono de uma franquia de “Fast-Food”. Ele recebeu do generoso governo federal entre US$1 e US$2 mihões. Organizações religiosas também foram agraciadas(santo também precisa de ajuda). Estas organizações receberam um total de US$7.3 bilhões. Neste grupo seleto está incluída uma sinagoga em Nova York frequentada pela elite judáica da cidade.
“No geral há enormes buracos e inconsistências nas informações”, disse John Arensmeyer, presidente executivo da Maioria dos Pequenos Negócios (Small Business Majority em inglês), um grupo de defesa, na sua declaração. Ele afirmou ainda que muitos pequenos negócios ao que parece receberam menos do total de emprétimo que solicitaram, inluindo aí mais de 1.200 companhias que receberam menos de US$100.
Fica claro que os grandes beneficiados com o empréstimo federal no laudado capitalismo norte-americano foram as grandes empresas e amigos com conexões diretas com o atual presidente.
Este é o capitalismo que sempre reclama da mão do Estado. O Estado só não é demais quando a ajuda é para benefício próprio./WSJ
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