
A Guerra Civil nos Estados Unidos terminou na primavera de 1865. Mais precisamente no dia 9 de Abril de 1865 quando o General Confederado Robert E. Lee juntamente com sua tropa se rendeu ao então General Ulysess S. Grant na Virginia.
A guerra que durou quatro anos e matou mais de 500 mil americanos entre negros e brancos tinha terminado. Entretanto, os símbolos que representavam os estados Confederados e a causa pela qual os sulistas lutavam (escravidão) não foram banidos como os simbolos nazistas na Alemanha de Hittler.
Pelo contrário, a parafernália representando a “causa perdida” foi usada como símbolos de orgulho e patriotismo durante décadas não somente no Sul dos EUA, mas em vários estados incluindo até mesmo na Casa Branca. Atualmente há onze personalidades dos ex estados Confederados exibidas no Capitólio.
A exibição destes sÍmbolos sempre foi problemática para a população de ex-escravos e seus decendentes. Estes símbolos exibidos tanto em locais públicos como privados, era uma maneira dos sulistas brancos mostrarem ao resto do país e também para mundo que apesar de terem perdido a guerra estes simbólos permaneceriam intocáveis.
Durante boa parte do século XX houve uma enorme disputa entre o governo federal, os governos estaduais, municpipais e populaçoes negras locais para a remoção destes símbolos de supremacia branca. Porém, a resistência por parte de muitos cidadãos brancos supremacistas era quase que inespugnável.
Cinco anos atrás quando a famosa rede de comércio Walmart finalmente resolveu tirar estes símbolos de suas prateleiras por causa da morte de nove paroquianos negros dentro de uma igreja episcopal Batista por um supremacista branco, era somente uma questão de tempo para que bandeiras, estátuas e outras parnafenálias fossem banidas.
Existem ainda hoje espalhados pelo país mais de 1500 símbolos relacionados com os ex estados Confederados e sua causa. Muitos destes símbolos estão espalhados em bases militares bem como em orgãos públicos como parques, praças e repartições públicas.
Geração após geração de afro-americanos enlistaram para servir o país dignamente em diversas batalhas. Os defensores destas parafernálias afirmam que elas devem ser mantidas porque representam a história sulista. Claro que nesta imensa nostalgia não importa escravidão e seu nefasto legado.

“É como um tapa na cara daqueles afro-americanos que serviram e ainda estão servindo nas bases militares com nomes de generais que lutaram por sua causa”, disse Jerry Green, um oficial não comissionado aposentado que treinou no forte Bragg na Carolina do Sul, cujo nome é uma homenagem ao general Confederado Braxxon Bragg. “A causa dos Confederados era manter a escravidão”.
O Pentágono está discutindo a possibilidade de renomear todas as suas bases militares com nomes dos oficiais confederados. O esforço para mudança de nomes não é algo novo, tanto os soldados veteranos, como os na ativa e a Associação para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP em inglês) vem buscando a décadas por esta atitude.
Estas mudanças estão sendo apoiada por ex oficiais militares de todas as etnias. Porém, o presidente Donald Trump já declarou que é totalmente contra as mudanças dos nomes.
Recentemente os fuzilieiros navais publicaram um manifesto proibindo a exibição da bandeira de guerra dos Confederados nas suas instalações. Lideres do Exército estão conclamando políticos democratas e republicanos para analizarem como estas mudanças poderão ser implementadas.
As brigas e confusões relacionadas as estátuas e as bandeiras confederadas exibidas em lugares públicos desde o final da Guerra Civil vem crescendo últimamente. Seus defensores repetem ad nauseaum que banir ou remover estes itens é o mesmo que apagar a história.
Recentemente a presidente da Câmara dos representantes, Nancy Palosi, mais uma vez pediu a remoção do Capitólio das 11 estátuas de figuras confederadas incluindo o presidente Jefferson Davis e do general Robert E. Lee. No momento há várias propostas em discussão para encontrar a melhor e mais rápida maneira de renomear as bases militares.
Para os afro-americanos membros das Forças Armadas ver nomes de confederados nas bases militares é como sentir um ferroada especial nos olhos, já que eles estão enaltecendo homens que conduziram uma guerra de traição.

Para alguns dos ex militares aposentados de meia idade, a indignação de estar servindo sob símbolos que defendiam a escravidão negra veio um pouco tarde.
“Não era algo que ficou minha mente e acredito que foi porque eu era jovem”, disse o senhor Green que se aposentou das Forças Armadas em 1998. “Eu não me lembro jamais ter tido uma conversa sobre o tema enquanto estava na ativa”.
“Sempre houve essa ansiedade velada, esse sentimento que voce sempre tem que estar alerta e escolher bem suas palavras para nunca parecer que voce está usando sua raça como uma carta escondida na manga num jogo de baralho”, disse Daniele Anderson, formada na Academia de Anápolis, no estado de Maryland em 2013 e depois servindo até 2018.
“Isso realmente abalou a confidência na cabeça de muitos estudantes negros e das minorias. Acredito que esta ansiedade social que temos que navegar o tempo todo realmente contribui num desempenho mais baixo”, afirma Anderson.
Os eventos que vem acontecendo na América após a morte de George Floyd nas mãos da polícia dão um ar de esperança a Daniele Anderson. “Nas Forças Armadas acreditamos que estamos seprados do resto da sociedade”, ela disse. “Temos que saber e entender que as Forças Armadas é parte da sociedade, porque recrutamos pessoas da sociedade e nós vemos e escutamos as mesmas coisas que nossos civis. Como uma veterana negra, ela disse, ‘estou numa posição única de poder dizer: Oi, eu fui desta instituição, eu fiz sacrifício, e estamos dizendo a estas instituições para que elas possam ser a melhor versão delas mesmas'”/NYT
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