Uma das vozes literárias menos conhecida entre os inúmeros autores afroamericanos é a do cronista Julius Lester. Considerado por muitos críticos como um “provocateur”, seu nome entrou para o círcuito literário literário com o lançamento do seu primeiro livro “Look Out, Whitey! Black Power’s Gon’ get your Mama! (1968)”. Neste pequeno mas bastante incisivo livro, Julius Lester escreveu: “O mundo dos negros americano é diferente daquele da América branca. A diferença vem não somente da segregação imposta ao homem negro, mas da própria natureza da negritude e sua evolução sob a segregação.”
Autor de 4 dúzias de livros tanto para adultos como para crianças, Julius Lester era também crítico Literário, Cultural, Folclorista, Fotógrafo, Ativista pelos diretos civis e Músico profissional. Sua escrita claramente estava vinculada a história dos afroamericanos, principalmente no século XX. Especialmente retratando as turbulentas décadas dos anos 60 e dos anos 70. Era uma história e seu trabalho deixava bem claro quanto a isto que colocava junto vidas negras “como contas num colar de dor”, como ele mesmo escreveu para o periódico The New York Times.
Julius Lester não fugia de uma boa controvérsia. Uma dessas controvérsias aconteceu em Nova York quando ele era apresentador de um programa na rádio comunitária WBAI. No crepúsculo do final de 1968, o então radialista leu no ar um poema altamente ofensivo a comunidade judáica. Escrito por um estudante reclamando das greves dos professores na rede pública, o poema começa assim “Aí rapaz judeu com o quipá na cabeça/ seu cara pálida garoto judeu/ desejaria que estivesse morto.
Naturalmente houve uma enorme comoção por parte da comunidade judáica . Entretanto, a estação de rádio não só não despediu o senhor Lester, como o FCC(orgão fiscalizador de comunicação nos EUA) não tomou qualquer atitude contra a rádio, ou de censurá-lo. Nos anos 80 ele entrou em um outro atrito, desta vez com o escritor James Baldwin porque o escritor resolveu defender o pastor Jesse Jackson quando este usou um termo altamente derrogatório ao referir-se aos judeus de Nova York durante sua campanha para presidência em 1988.
Julius Lester sabia sobre sua ancestralidade judáica pelo lado de sua mãe. Seu bisavô de nome Adolph Altschull imigrou da Alemanha para o estado de Arkansas. O sonho do seu para era que Julius seguisse seu caminho religioso. Porém, o sonho do jovem Lester depois de graduar-se da famosa universidade negra Fisk em Nashville, era seguir a carreira musical.
Durante a luta pelos diretos civis dos negros nos anos 60, Julius Lester se envolveu com Comitê Coordenador Estudantil de Não-Violência (SNCC em inglês) para quem escrevia além de estar encarregado do departamento de fotografia. Como encaregado viajou para o Sul para registrar o movimento pelos direitos civis e viajando inclusive para o Vietnã para fotografar os efeitos do bombardeamento norte-americano.
Em 1982 Julius Lester converteu-se ao judaísmo depois de um sonho onde usava o quipá enquando dançava alegremente.
Julius Lester faleceu na cidade de Palmer no estado de Massachusetts em Janeiro de 2018 aos 78 anos de idade./NYT
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