Livro publicado no final dos anos 70 é usado como manual na luta pela supremacia branca nos Estados Unidos da America.
Em 1978, um pouco mais de 3 anos após a retirada das tropas norte americanas do Vietnã foi publicado sem muito alarde nos EUA o livro “The Turner Diaries” escrito pelo neo-nazista William Pierce. O livro tem como tese a derrubada do governo Federal dos EUA e a total eliminação de todas as pessoas não brancas.
No explêndido livro “Bring The War Home: The White Power Movement and Paramilitary America” a escritora Kathleen Belew mostra com muita clareza como “The Turner Diaries” foi essencial para o surgimento do poder branco nos EUA nos últimos 40 anos.
Segundo a escritora, o livro serviu como um guia para o surgimento da organização “Order”, o principal grupo terrorista no país na década dos anos 80. Ele foi fundado pelo supremacista Robert Jay Mathew. No período entre o final da guerra do Vietnã nos anos 70 e os anos 90 vários grupos supremacistas surgiram nos EUA.
O atentado contra o edificio federal Alfred P. Murrah na cidade de Oklahoma no meio da década dos anos 90 foi a culminação de 2 décadas da organização do poder branco. Neste atentado morreram 168 pessoas e ele foi protagonizado pelo ex soldado Timoty McVeigh que costumava vender o livro “The Turner Diaries” nas feiras de armas espalhadas pelo país.
Para Kathleen Belew o surgimento do poder branco contemporâneo surgiu logo após o final do desastrovo envolvimento dos EUA na guerra do Vietnã.
“Derrotados no exterior, soldados racistas brancos voltaram para um país completamente tranformado pela lutas sociais. Entre estas lutas estavam as dos direitos civis, o movimento feminista, o direito dos homossexuais e o surgimento do Poder Negro.”, ela disse.

Kathleen Belew professora de história da Universidade de Chicago.
A dupla derrota da supremacia branca dos Estados Unidos, aprimeira na Indochina, e a segunda no segregado sul do país serviu de catalizador para unir os veteranos tanto do Norte como do Sul para uma grande vingança.
Esta idéia de supremacia branca ganhou milhares de adeptos. Para muita gente a idéia de uma invicibilidade branca foi inequivocadamente danificada e uma ação drástica precisava sser tomada a todo custo.
O movimento ganhou notoriedade nacional com o atentado terrorista de 1995 na cidade de Oklahoma. Seu legado continua evidente até os dias de hoje com a presença de milicias facistas que lutaram em Agosto de 2017 contra retirada das estátuas confederadas na cidade de Charlottesville, na Virgínia.
A parte mais lúcida do livro fica por conta de sua explicação sobre as mulheres brancas como esposas, mães e mártires do movimento. O poder branco se submete cegamente ao culto da fé e família centralizado no corpo feminino. A escritora descreve uma ilustração da nação ariana de 1985 desenhada por uma mulher, mostrando a Maria imaculada de cabelos louros e olhos azuis ao lado de José e do menino Jesus, cercados por encapuzados da organização KKK(Klux Klux Klan) e neo-nazistas uniformizados.
Kathleen Belew percebe com muita clareza o simbolismo desta islustração mostrando o papel da mulher na sociedade norte americana mostrando a ligação hierárquica racial e também sexual.
A supremacia branca americana sempre esteve vinculada a vigilância dos corpos das mulheres brancas. Para propagar a raça branca, as mulheres brancas tinham que gerar sómente filhos brancos.
Bring the War Home: The White Power Movement and Paramilitar America
Editora – Harvard University Press
Páginas – 352 – US$30
You must be logged in to post a comment.