GENOCÍDIO NA ÁFRICA E A OMISSÃO DA FRANÇA.

genocidio em Ruanda

Ruandeses da etnia tusti tentando escapar do genocídio

Em 1994 o presidente do Ruanda, o ditador Juvenal Habyarimana, da etnia hutu morreu num controverso acidente aério. Este acidente foi o estopim que desencadeou o genocídio de aproximadamente 800 mil cidadãos da etnia tutsi dentro do seu próprio país.

De acordo com um relatório publicado no final do ano passado pelo governo  de Ruanda, a França através de seus militares teve uma participação ativa nas milhares de mortes.

O relatório comissionado pelo atual governo de Ruanda e conduzido por um escritório de advocacia dos EUA, descobriu que os militares franceses não só treinaram soldados ruandeses, mas forneceram todo tipo de armamento militar mesmo depois de um embargo de armas contra Ruanda.

Documentos arquivados mostram claramente uma aliança entre os dois governos e como a França reservou-se a um papel de espectador enquanto o massacre ocorria. O EUA sob o comando do presidente Bill Clinton também foi omisso neste massacre. Na época os Estados Unidos não queriam intervir por causa da intervenção desastrosa ocorrida na Somália dois anos antes.

Os documentos mostram também que o filho do ex presidente francês, François Mitterrand, era um dos aliados próximo do lider ruandês, cujo governo de etnia hutu encorajou o massacre. “Houve casos onde os soldados franceses encontravam cidadãos tutsi apavorados com o clima de terror e simplesmente viraram as costas e deixaram a execução acontecer”, disse Timothy P. Longman, diretor do Centro de Esdtudos Africanos na universidade de Boston. “É uma coisa atrás da outra. Os franceses absolutamente merecem ser condenados por uma catastrófica omissão”.

Volonteers throw more refugee bodies out of a truck into a mass grave, July 20th. Rwandan refugees w..

800 mil cidadãos de etnia tutsi foram mortos em Ruanda em 1994

Enquanto isso os governos da França e de Ruanda entram num verdadeiro cabo de guerra sobre as informações disponibilizadas recentemente a respeito das verdadeiras responsabilidades.

De acordo com informações obtidas através de diplomatas franceses na época, eles culpam os rebeldes tutsi liderados por Paul Kagane, o atual presidente de Ruanda. Isto levou o presidente a romper relações com a França entre 2006 e 2009.

A relutância do governo francês em processar os indivíduos envolvidos no genocídio agravou ainda mais o relacionamento diplomático entre os dois países.

Em outubro de 2017 um juiz na Corte de Apelação em Paris manteve a decisão de não investigar dois alto comandantes franceses com participações comprovadas no genôcidio.  Ruandeses morando na França e suspeitos de terem participado no genocídio incluindo a mulher do presidente na época jamais foram formalmente processados pelo que aconteceu.

Em Novembro de 2017 a corte francesa negou o pedido para o pequisador François Braner acessar os documentos do arquivo de François Mitterrand. O pesquisador entrou com um pedido de apelação na corte européia dos direitos humanos.

“A intervenção na Ruanda é a mais simbólica das mais de 50 intervenções francesa no continente Africano”, disse François Graner. “As forças armadas francesa ainda estão envolvidas na Africa”, ele disse.

“Elas estão implantadas com quase os mesmos mecanismo de decisão que foram usados em Ruanda”.

24 anos depois das atrocidades muita gente ao redor do mundo acredita que a França teve uma participação importante no planejamento, concepção e na execução do massacre.