Em 1954, o futuro juiz do Supremo Tribunal Federal nos EUA, Thurgood Marshall, fêz história ao colocar uma estaca a mais no coração da segregação nos EUA quando a alta corte afirmou a inconstitucionalidade da separação racial entre negros e brancos nas escolas públicas do país. O caso ficou sendo conhecido como “Brown vs. Board of Education”

O excelente filme Marshall é baseado num controverso caso no início de carreira do grande jurista. Mais  precisamente em 1941 quando o advogado foi convocado pela Associação Nacional Pelo Avanço Das Pessoas De Cor (NAACP em inglês) para defender o chofer negro Joseph Spell (Sterling K. Brown) acusado de sequestrar e consequentemente violentar uma rica mulher branca na cidade de Greenwich, uma afluente cidade no Estado de Connecticut.

Dirigido impecávelmente por Reginald Hudlin, Marshall (Chadwick Boseman) mostra as forças sociais bem como as forças legais contra o chofer. O julgamento que atraiu atenção nacional mostra como o racismo nos EUA não estava concentrado sómente no Sul do país.

Para complicar mais ainda a situação do chofer, há um enorme atrito entre Thurgood Marshall e o seu colega de trabalho, o advogado judeu branco Sam Friedman (Josh Gad), sem qualquer experiência em casos criminais. Furioso, Thurgood Marshall não acredita que por causa de sua etnia é obrigado a convesar com o juiz sómente através de Sam.  O advogado bate de cara contra o racismo no Norte.

Eventualmente os advogados conseguem trabalhar juntos forjando assim uma amizade, com isto mostrando na época a forte aliança entre negros e judeus na luta pelos direitos civis.

O filme presta ainda uma singela homenagem ao período da Renascença do Harlem mostrando o encontro entre Thurgood Marshall, a escritora Nora Neale Hurston e o poeta Langston Hughes, no famoso bar de Jazz Minton’s Play no Harlem.

O ponto alto do filme lógicamente fica para o drama dentro da corte onde a suposta vítima e o acusado contam suas versões dos acontecimentos através da reencenação.

Marshall é um grande filme merecendo toda nossa admiração.

Marshall