ESTANTE LITERÁRIA

Frederick Douglass in Brooklyn

Em 1846 logo após uma conferência em Londres sobre os males da escravidão, o abolicionista Frederick Douglas foi procurado por um pastor do Brooklyn que estava na platéia. Ao estender sua mão para felicitar o orador, recebeu deste a seguinte resposta: “Meu senhor, se estivéssemos na cidade do Brooklyn sob as mesmas circunstâncias tenho certeza que voce jamais se aventuraria a aperta minha mão. Portanto, não o deve fazê-lo aqui.

No extraordinário livro Frederick Douglass no Brooklyn, o professor  universitário Theodore Hamm da faculdade St. Josheph no bairro do Brooklyn, demonstra convincentemente para o leitor como a então cidade do Brooklyn (o Brooklyn tornou-se parte da grande Nova York sómente em 1898) serviu como uma grande encubadora para a agenda abolicionista de Frederick Douglass. Neste livro o autor decidiu colocar oito discursos feitos pelo abolicionista nos temas da igualdade, escravidão, e a da Guerra Civil.

Nos seus calorosos discursos contra a escravidão Frederick Douglass pedia igualdade de oportunidade para todos. Ele argumentava “não existe no mundo homens autosuficientes. Este termo indica uma independência individual do passado e do presente que jamiais poderá existir”.

Apesar de jamais ter morado no Brooklyn, o abolicionista acreditava que pela importância da cidade seus discursos teriam uma amplitude maior para o resto da então jovem nação. Além do mais, a cidade era moradia de ardentes abolicionistas tanto negros como brancos. Incluindo aí Elizabeth Gloucester, bastante conhecida do abolicionista john Brown. Tendo inclusive o recebido antes de sua conhecida viagem para Harpers Ferry, no estado da Virginia para libertar os escravos do Sul.

Theodore Tilton, um promissor jornalista de apenas 22 anos foi recrutado por Frederick Douglass para trabalhar no seu famoso periódico abolicionista North Star.

Outro abolicionista reconhecido no Brooklyn era Henry Ward Beecher, irmão de Harriet Beecher, conhecida abolicionista e autora  do consagrado livro A Cabana do Pai Tomás.

A cidade do Brooklyn servia também de porto seguro para vários jornais abolicionistas. Um dos mais consagrados na época era o The National Anti-Slavery Standard que era publicado também na ilha de Manhattan.

Resenhando o livro de memórias de Frederick Douglass, Narrative of the Life of Frederick Douglass, no periódico The New York Tribune, a jornalista Margareth Fulher, não poupou elogios. “Desejamos que todos leiam este importante livro e vejam que mente estaria perdida na escravidão – qual homem pode ser vítima de insultos de almofadinha perdulários, ou levar cacetadas de brutos mercenários, para quem não há testemunhos a não ser sua própria pele, nenhuma humanidade exceto a parte externa, e a qual o vingador mesmo assim não falhará em demandá-la. Onde está o irmáo?”

A grande voz contra a abolição e a liberdade dos negros no Brooklyn era o periódico The Daily Eagle, o jornal favorecia as ligações entre o tripé manufatureiro, marítimo, e o financeiro no norte com os escravocratas donos das grandes plantações no sul.

Depois da morte do escravo Dred Scott que tentou sem sucesso processar o governo Federal usando sua humanidade como argumento contra ser tratado como uma simples propriedade, o jornal declarou que a morte do escravo teria muito mais importância para a história dos Estados Unidos do que os escritos e a luta anti escravidão do agitador Frederick Douglas.

Trinta anos depois da Guerra Civil (1861-1865), na morte do grande abolicionista, o periódico The Daily Eagle finalmente reconheceu a importância de Frederick Douglass, escrevendo em seu editorial. “Ele discutiu a questão da escravidão de uma maneira bem mais racional do que as pessoas brancas colaboradoras de sua causa”

Frederick Douglass in Brooklyn

Autor – Theodore Hamm

Editora – Akashic (2017)

Paginas, 192 – US$34