CULTURA

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 ANGELA DAVIS

Arquivo pessoal da ativista vai para a Universidade Harvard.

Nos ultimos 50 anos, a imagem de Angela Davis esteve diretamente associada com a luta pelos Direitos Humanos ao redor do mundo. Mais especificamente, sua luta esteve ligada diretamente a luta pelos Direitos Civis dos negros nos EUA.

Seu icônico rosto usando um belo afro como se fosse a coroa de uma rainha egípcia, e sua voz denunciando as injustiças e disparidades socio-econômicas em diferentes sociedades, serviram de inpiração a jovens e adultos ao redor do planeta. Seu rosto e cabelo afro serviram de inspiração para incontáveis imagens em camisetas, bottoms, faixas, e posters distribuídos ad nauseaum por todos aqueles que se indentificam com sua causa e sua luta.

Em 1969 Angela Davis era um desconhecida professora universitária. Entretanto, esta jovem sulista virou o centro das atenções nos EUA quando o então governador da Califórnia, Ronald Reagan, a proibiu de exercer sua profissao por causa de sua filiação junto ao partido Comunista e sua ligaçao com o partido político “Black Panther Party”. A bem da verdade, Angela Davis nem sequer chegou a por os pés dentro da sala de aula.

A biblioteca do Instituto Para o Estudo Avançado, o Radicliffe, ligado a Universidade Harvard anunciou recentemente a aquisição do arquivo pessoal de Angela Davis. São mais de 150 caixas ligadas a 50 anos anos de uma história de ativismo.

Os items neste imenso arquivo mostram  sua história desde sua infância crescendo na segregada cidade de Birmingham, no Alabama, passando pela Escola de Filosofia na Alemanha, seu encarceramento, e por último seu envolvimento com o grupo “Critical Resistance”, fundado em 1997.

No início dos anos 70 por ter sido barrada na UCLA por causa de sua visão política, Angela Davis passou a prestar mais atençao nas demandas feitas pelo partido político “Black Panther Party”. Isso a levou a engajar-se na defesa de três prisioneiros conhecidos como “Soledad Brothers”. Os irmãos eram acusados de terem assassinado um policial branco. Este episódio catapultou-a para o palco mundial do ativismo.

Angela Davis autobiography

Nesta mesma época Angela Davis foi acusada de homícidio e conspiração criminal depois que as armas que pertenciam a ela foram usadas numa tentativa frustrada de libertar os três acusados da prisão. O resutado desta  fracassada missão foram 4 pessoas mortas. Entre elas um policial. Depois de passar mais de um anos e meio presa por causa deste episódio; todas as acusaçoes contra ela foram retiradas por um juri composto exclusivamente por pessoas brancas.

Da vasta pilha de materiais adquirido pela biblioteca é possível encontrar o pequeno diário de 120 páginas contando o episódio envolvendo sua prisão. Outro documento importante desta coleção é o manuscrito datilografado de sua autobiografia publicada em 1974. Neste manuscrito estão todas as correções feitas pela escritora e prêmio Nobel de Literatura, Tony Morrison.

Com relação a esse valioso arquivo, Angela Davis, disse que foi consultada por outras Instituições de Ensino Superior (IES). Porém, disse que deu preferência a Universidade Harvard porque gostaria que seu arquivo pessoal estivesse ao lado de importantes personagens afroamericanas como as poetisas June Jordan e Pat Parker. “Como acadêmica e ativista sempre trabalhei junto a outras pessoas.” “Tenho bastante respeito por muitas das mulheres que decidiram deixar seus arquivos na Harvard”, disse a ativista.

Apesar de toda sua fama ao redor do planeta, Angela Davis acredita que se as pessoas continuarem prestando atenção no que diz mesmo depois que ela se for, é porque os movimentos e as lutas nas quais esteve envolvida merecem ser lembrados. “As futuras gerações devem saber que organizar a massa de pessoas por justiça pode na verdade fazer a diferença.”

Angela Davis