RACISMO NOS EUA
Em 1912 no pequeno condado de Forsyth no estado da Geórgia(Sul), uma jovem branca foi encontrada numa vala esfaqueada e estruprada. A comunidade branca local apontou toda sua animosidade em direção aos cidadãos afroamericanos, dizendo que algo tão deplorável assim só poderia ter sido perpetrado por alguém negro. Consequentemente todas as pessoas negras deveriam ser expulsas do condado para a purificação total do local. Esta é a premissa do intrigante livro “Blood at the Root” do escritor Patrick Phillips.
Como havia alguns jovens “estranhos” que vieram de outras partes para viverem com seus familiares, estes jovens automaticamente entraram no radar e foram alvo de suspeitos do crime. Alguns dos cidadãos mais revoltados arrastaram um destes jovens para um matagal colocando em volta do seu pescoço um corrediço obrigando-o a confessar o suposto crime. O jovem não só confessou sob a tortura quem havia cometido o crime como acabou implicando também seus dois amigos.
De posse da confissão, os cidadãos brancos marcharam para a cadeia local e arrancaram a força o jovem Rob Edwards, um dos “estranhos” visto ao lado da jovem branca no mesmo dia.
Depois de ter seu corpo todo mutilado e perfurado de balas, Rob Edwards foi pendurado como exemplo para aqueles com alguma intenção de pelo menos piscar os olhos para alguma mulher branca.
Não contente com o que fizeram, a massa ignara voltou toda sua fúria para pegar os outros dois jovens presos. Felizmente eles foram levados para uma outra prisão fora do condado local, e com isso escaparam momentaneamente da fôrca.
Como não conseguiram a captura e a morte dos jovens, a turba voltou-se para a pequena comunidde afroamericana. Dinamitando negócios, casas, e causando todo tipo de terrorismo imaginável. Em poucas semanas o condado de Forsyth era 100% branco. Meses depois, quando finalmente os dois jovens foram julgados, eles eram os únicos afroamericanos no local. Depois de matarem os 3 suspeitos o condado de Forsyth ficou literalmente sem qualquer cidadão negro por 80 anos.
Patrick Phillips mostra como de uma maneira ou de outra toda a comunidade acabou se beneficiando do terror e da expusão da pequena população negra. Nem mesmo depois que um crime cometido nas mesmas circuntâncias fêz com que a comunidade realizasse que tinha cometido uma grave injustiça porque o assassino ainda estava solto. O real motivo do terrorismo contra a comunidade afroamericana tinha sido o racismo e a ganância.
O objetivo do autor deste corajoso livro vai além de mostrar a violência e atrocidades, ele quis mostrar as histórias, as esperanças, e a subsequente vida dos afroamericanos apos a escravidão. Como eles construiram sua comunidade em volta do condado de Forsyth e acabaram perderam tudo por causa do racismo norte americano.
A parte mais importante nesta triste história fica por conta da marcha organizada pela ícone na luta pelos Direitos Civis, Hosea Williams em 1987 para protestar contra as práticas do racismo no condado. (Podemos inferir que o racismo no país continuava vivo durante os anos do presidente Ronald Reagan) A comunidade branca amparada pelo Estado e pela organização KKK (Ku Klux Klan) acenando com bandeiras confederadas gritavam em uníssono “Mantenha Forsyth Branca”. Porém, com a suburbanização e consequentemente com o desenvolvimento economico o condado foi forçado a uma pequen a integração.
“Blood at the Root” revela claramente o poder da supremacia branca nos EUA. Como este poder ramificou-se em áreas rurais e urbanas não só para destruir e distorcer os fatos históricos, mas também para destruir vidas e suas realizações em nome de uma suposta superioridade racial.
Blood at the Root – A racial Cleasing in America
Patrick Phillips
Editora – W.W. Norton & Company – 302 páginas
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