UNIVERSIDADE COLUMBIA

Universidade Columbia

Mea Culpa 2

Universidade Columbia e a escravidão em NY.

Em 1754, no dia da inauguração do “Kings College”, tranformado depois na Universidade Columbia aqui em Nova York, além das manchetes falando do grande evento, um pequeno anúncio no pé da página em um dos jornais da cidade anunciava a venda de escravos. O pequeno anúncio não causou comoção alguma aos seus leitores, já que muitos dos primeiros presidentes, curadores, doadores, e também alunos da Faculdade eram senhores de escravos.

Notem que estamos no Norte dos Estados Unidos onde o mito de que a escravidão estava ligada somente as regiões do Sul do país era bastante prevalente. Por esta razão os escravos buscavam refúgio nas cidades do Norte.

Um estudo publicado pela própria universidade o ano passado mostra as maneiras como a instituição da escravidão lubricou as áreas financeira, intelectual, e social da universidade, bem como as instituições nas cidades do Norte como um todo.

“As pessoas ainda associam a escravidão com o Sul, mas era também um fenômeno do Norte”, disse o historiador, autor, professor da Columbia e autor do estudo, Eric Froner.  “Este é um pedaço da história da nossa instituição e também da cidade de Nova York bastante negligenciado que certamente merece ser melhor conhecido”.

Universidade Columbia 2

Segundo o presidente da Columbia, Lee Bolinger, este estudo é altamente importante e necessário para entendermos melhor as injustiças causadas pela escravidão nos EUA. “Toda instituição de ensino superior(IES) deveria conhecer sua história, tanto a boa como a não tão ‘kosher’ assim”, disse o presidente. “É difícil compreender o quão profundo nossa sociedade contemporânea ainda é afetada pelo que aconteceu durante os quase 3 séculos.”

O atual estudo teve origem em 2013 depois que o atual presidente leu o livro “Ebony & Ivy: Race, Slavery, and The Troubled History of America’s Universities” do escritor Steven Wilder.

O estudo também menciona o envolvimento da universidade na abolição da escravidão no país. Porém, de uma maneira mais moderada. Por exemplo: na parte onde o estudo cita  Alexander Hamilton, um dos pais fundadores dos EUA, diz que ele juntou-se a Sociedade Para Manumissão dos escravos em 1785 rejeitando noções de inferioridade dos negros, mas ele ficou bem calado durante a convenção constitucional para ratificar a Carta Magna do país.

A posição da Columbia neste polêmico debate sempre foi em cima do muro. “Uma coisa que realmente me surpreendeu bastante durante minhas pesquisas foi que a maioria das pessoas ligada a  universidade(columbianos) ficou de fora da luta contra a escravidão”, disse Eric Froner, autor de um recente livro sobre  a fuga dos escravos do Sul para as cidades do Norte conhecida como a “Ferrovia Subterrânea”.

Enquanto a história da universidade e sua relação com a escravidão é bastante complexa, a verdade é bem clara. ” A instituição da escravidão de uma maneira ou de outra esteve ligada a Universidade Columbia desde de sua fundação”, afirmou o professor.