Verdade Frágil – O Sangue de Emmett Till

O relacionamento dos Estados Unidos com sua população negra sempre foi marcardo pela violência. Seja na condição do sistema escravocrata. Seja durante as leis de segregação com direito a linchamentos, ou nos assassinatos de lideres como Medgar Evers ou Martin Luther King, jr. Entretanto, uma das trágedias que mais marcaram esta violência aconteceu na noite do dia 28/8/1955. Este episódio envolveu um jovem da cidade de Chicago de apenas 14 anos de idade que estava passando as férias de verão em Mississippi (Sul), mais precisamente no pequeno vilarejo de Money.

Numa calorosa Quarta Feira, o adolescente visitando familiares resolveu saciar sua sede. Ele foi inocentemente até o mercadinho local para comprar um refrigerante. Emmett Till  ao pagar pelo refrigerante cometeu dois pecados considerados capitais num dos Estados mais racistas dos Estados Unidos dos anos de 1950, o Mississippi. Depois de pagar pelo refrigerante, o jovem se assanhou pela balconista branca, Carolyn Bryant, aparentemente segundo ela testemunhou depois pegando-lhe nas mãos. Para completar o ascinte, o jovem ainda deu um enorme assovio em direção a balconista quando esta estava indo até seu carro para pegar seu revolver.

O que se seguiu depois deste encontro foi um total ato de selvageria resultando na morte do adolescente. Segundo a tradição local na época, Emmett Till jamais poderia ter dirigido tais assanhamentos na direção da balconista branca.

O esposo da balconista e seu meio irmão foram ate a casa dos parentes de Emmett Till e a força arrancaram o jovem sob os olhares chocados dos tios e dos primos. Depois de bateram no jovem, atiram na sua cabeça e amarraram seu corpo numa descascadeira de algodão lançando tudo no rio Tallahatchie.

As vidas dos afroamericanos nos Estados Unidos sempre estiveram por um fio nas mãos dos agressores brancos.

Há várias histórias neste pequeno mas importante livro. A primeira se refere ao gosto que o adolescente tinha pelos chapeus Fedora. O segundo por frequentar assiduamente a missa aos Domingos. Segundo a crença do xerife local, depois que retiram o corpo mutilado de Emmett Till do rio, era de que o corpo tinha sido plantado pela organizacao NAACP. A mesma que lutava pelos direitos dos afroamericanos.

63 anos depois em entrevista para o escritor Timothy B. Tyson, Carolyn Tyson admitiu que parte do que disse durante o julgamento na época, como ser agarrada pelo jovem na cintura e escutar obcenidades jamais aconteceu como ela havia testemunhado.

“Voce diz essas histórias por tanto tempo que elas parecem verdade”, ela confessou no início do ivro. “Mas aquela parte não é verdade”, ela disse.

Ficamos com a impressão todos esses anos depois de que nada justificou a maneira como o rapaz foi brutalmente morto.

The Blood of Emmett Till mostra toda a violência perpetrada sistematicamente contra os afroamericanos, seja na forma de linchamento ou perpetrada pelas pessoas brancas com a benção do Estado. Infligir morte e violência contra os afroamericanos faz parte de uma longa prática e tradição do país. A mortes de afroamericanos desde Emmett Till atestam esta triste verdade.

The Blood of Emmett Till

Timothy B. Tyson

Simon & Schuster

291 páginas