Escravos no RJ do seculo XIX.

Durante a permanencia da familia real no Rio de janeiro no comeco do seculo XIX, muitas das festividades que acontecian na cidade honrando D. Joao VI eram apresentadas por dancarinos africanos. Aparentemente era para que os africanos em geral reconhecessem o dominio do monarca como senhor tributario e soberano das colonias na Africa.

Infelizmente a tolerancia da elite em relacao as grandes reunioes de escravos e dancas africanas nao durou. O governo acabou proibindo a congregacao de grande numero de escravos, porque as autoridade as consideravam pertubacoes da ordem publica.

A partir de entao, a policia prendia todos os que apanhava dancando o “batuque”. Durante algum tempo, as unicas excecoes eram as procissoes patrocinadas pelas irmandades de escravos; mas tambem elas acabaram proibidas, devido a supostas ameacas a ordem publica. Uma vez que as outras dancas estavam ligadas a rituais religiosos proibidos, tinham de ser escondidas de estranhos e da policia. Por issso, so existem referencias fragmentarias sobre essas dancas; por exemplo, uma ordem para silenciar os tambores usados “na danca dos escravos chamada candomble”. Essa talvez seja uma referencia antiga a religiao do candomble e sua musica de percussao.

A perseguicao policial obviamente nao acabou com as dancas africanas e a correspondencia da policia e eloquente sobre sua incapacidade de impedir que os escravos dancassem. Ademais, a policia encontrava com frequencia resistencias armada quando tentava interromper uma danca. As manifestacoes  que ela estava mais procupada em suprimir eram as noturnas – como as religiosas – que envolvessem grande numero de escravos. Segundo Rugendas, os negros dancavam sem parar toda a noite de sabado(atualmente, a noite tradicional pra os rituais de umbanda) e nas noites anteriores a dias santos. Uma vez que suas dancas nacionais eram proibidas, relata Toussaint-Samson, os escravos inclusive a sua escrava, saiam furtivamente a noite para dancar na praia, a luz da lua, com seus grupos nacionais.

Apesar da perseguicao da policia, os escravos cariocas realizavam muitas dancas na cidade. Tres das mais significativas eram o lundu, o batuque e a capoeira. Menos comumente descritas eram a bamboula, o guachambo, a jardineira e a danca dos velhos. Ha referencias ocasionais a escravos que dancavam polca, valsa, modinha, quadrilha ou outras dancas europeias. De um modo geral, porem, preferiam as dancas africanas. A Vida dos Escravos no Rio de Janeiro: 1808-1850. Mary c. Karasch.